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Foto do escritorVike Nascimento

Um amor daqueles, que passa.

Aquela noite,

Bendita, maldita... nem sei dizer.

Eu só queria suar meu corpo,

Dançar sozinha com o meu coração de gelo

Congelado á tanto custo,

Dez mil pedaços, mil cicatrizes.

E eu repetia pra mim mesma:

''Hoje sou só eu, fique sozinha, hoje sou só eu, hoje sou só...''

Eu

Te assistindo de longe.

A fumaça do cigarro beijava seus lábios

Acariciava seu rosto

E sumia.


Dancei sozinha, como queria de fato.

Mas nem sempre, tudo sai como planejamos.

E naquela música,

você veio.

Perto demais á ponto de sentir sua respiração tocando minha pele

Perto demais á ponto de sentir o quão quente estava seu corpo

Perto demais á ponto de

A fumaça do maço de cigarro não ser mais a dona das carícias.

O que era gelo,

Derreteu com o passar dos dias, das conversas...

Tornou-se água fervente.


Aquele par de olhos castanhos claros...

A culpa foi deles.

Me pego distraída ás vezes, ou talvez

Constantemente, confesso.

Mas a culpa não foi minha.

Eu tentei me conter,

Me proibir,

Mas sou música,

E seus toques insistem em me tocar

Mesmo quando você não está aqui.


Algo me diz para não me apegar aos detalhes,

Mas não pude deixar de mapear seu rosto.

Pele macia,

Olhos que se fecham de forma suave,

Cabelo desarrumado,

Respiração ofegante...

Um conjunto de pequenas coisas que me perturbam,

Me prendem,

Me chamam com voz suave,

Me envolvem.

É como o prazer de flutuar alto,

E o medo de cair e se transformar em mil pedaços como das outras vezes.


Odeio ser otimista

Odeio ser pessimista

Eu só sinto e descrevo.

E confesso que pode até ter sido mais um corpo

Mas quando encostou no meu,

Aqueceu por fora, queimou por dentro.

Pode até ter sido mais uma boca,

Mas tinha um gosto doce.

Podem até terem sido palavras ditas apenas na intenção de me ganhar

Mas me ganharam.


Não quero que você seja de outro alguém

Mas me esqueço que você não é meu também

Ao menos, quando passar na rua que eu chamo de minha

Não só passa,

Me avisa...

Te espero no portão de casa

Só pra sentir mais uma vez meu bem

O aconchego desse abraço

Que só você tem.

Só não prometo te esperar na porta do meu coração.

Já que você não quer ficar pra morar em mim,

O quarto de hóspedes mais uma vez ficará vazio.

A rua da vida é movimentada,

E quem sabe,

Nesse vai e vem constante,

Eu

Seja finalmente,

O sonho de moradia de alguém.


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